segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Teatro popular censurado na Ditadura abre Seminário

Em meio à reflexão sobre liberdade e repressão, peça de teatro popular fala de justiça


"E
que naquela praça, Justiça se faça!"
(Parte da primeira canção de "A Lenda de Sepé Tiaraju")

No domingo, 12, aconteceu a abertura do Seminário 1968: Liberdade e Repressão, no Teatro Popular União e Olho Vivo.

Antes da apresentação da peça "A Lenda de Sepé Tiaraju", o dramaturgo e diretor César Vieira, deu uma coleção de Livros do TUOV à Cristina Costa, Iná Camargo Costa e ao adovogado Takao, que o defendeu durante a época da ditadura.

"Não vou falar mais nada, o importante é o que vai acontecer", disse Cristina ao agradecer César Vieira e aos "companheiros da ECA" que ajudaram a organizar o Seminário. Iná Camargo, por sua vez, procurou ressaltar a importância do TUOV como um símbolo de resistência. Ela afirmou que o grupo mantém viva a "memória da luta", assim como este seminário.

César Vieira completou afirmando que o acompanhamento do seminário é bastante importante para "questionar e ficar sabendo sobre repressão e liberdade, principalmente a geração mais nova".

A peça começou forte, com uma canção sobre Justiça, e seguiu durante todos os seus 55 minutos, provocando sentimentos igualmente fortes nos espectadores. As canções em tupi deixaram a todos perplexos; a versatilidade do cenário e do figurino, algo imprescindível para um teatro de Rua, provou-se eficaz mesmo dentro de uma sala de teatro.



O enredo versa sobre a luta dos índios guaranis contra a dominação territorial e cultural de espanhóis e portugueses na área dos Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul. Dentro dessa luta, a resistência cultural e o pedido de justiça dos índios, vencidos. A peça mostra bem as crenças e hábitos dos índios daquela época (por volta de 1760), assim como, de maneira caricata, consegue mostrar as figuras dos juízes e comerciantes "estrangeiros".

A arte consegue levantar grandes discussões e ainda ser bela. Dessa forma, o seminário não poderia ter escolhido maneira melhor de começar: misturando música, teatro, liberdade e resistência.